quarta-feira, novembro 11, 2009

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Robert Enke
(1977- 2009)

Aparentemente, um jovem na flor da idade, com uma toda uma vida pela frente e muitos motivos para ser feliz. Era um óptimo profissional e estava numa boa fase da sua carreira. Tinha uma mulher que amava e que o amava. Uma filha de 8 meses. Muitos amigos. Sucesso. Estabilidade. Mas por detrás da figura pública estava um homem como nós. Sentia como nós. Sorria como nós. Sofria como nós. Chorava como nós. Mas como poderia acontecer a muitos nós Robert Enke sofreu "embates" que talvez tenham despoletado a sua decisão. Perdeu uma filha há três anos atrás. Sofreu de uma infecção altamente destrutiva a acreditar no que foi tornado público. Actualmente estava a braços com uma depressão que acabou por se tornar pública e a pressão mediática sobre ele aumentou, não por motivos profissionais mas pela sua doença. Acabou por se suicidar. Qual o motivo? Só ele e a sua família o saberão uma vez que deixou uma carta de despedida. Mas a partida de Enke, a sua decisão fez-me pensar...

Perdi uma amiga de um momento para o outro, num estúpido acidente de carro. A raiva tomou conta de mim por me tirarem uma pessoa a quem gostava de como se gosta da nossa mãe. Achei que o mundo era injusto. Quis ser egoísta e ter essa pessoa de volta. Desacreditei de Deus por me ter tirado uma pessoa tão boa, tão verdadeira, sem motivo nenhum. Era uma pessoa que adorava viver mesmo com todos os problemas que a vida lhe podia apresentar. E eu quis tanto que essa pessoas voltasse. Quero tanto que ela volte... Quero tanto que lhe falo como se ela me possa ouvir. Quero acreditar que sim e que, de algum sítio, de alguma maneira, ela há-de estar a olhar por mim.

E depois deparo-me com situações destas onde uma pessoa acaba com a sua vida... podia pensar que o mundo era realmente muito injusto. Que há pessoas que davam tudo por mais um dia de vida e outras... acabam com ela de um segundo p'ro outro. Mas não... dava tudo por ter aquela amiga comigo outra vez, nem que fosse só por um instante. E agora olho para a fotografia do Robert Enke e penso "fogo, este homem foi de uma coragem do caraças!" . Eu sei que há muitas pessoas que pensam que não mas, fogo. Uma pessoa que acaba com a sua vida, que talvez passe montes de tempo a pensar em como fazer isto, que não sabe o que há para lá disto a que chamamos vida, que não sabe sequer se o que vai fazer lhe trará muita dor física.... epah digam o que disserem tem de ser uma pessoa com muita coragem.Tem de "os" ter no sítio para conseguir fazer isto. Digam-me o que disserem,são pessoas com coragem. Podem estar mal psicológicamente. Podem achar que são pessoas fracas. Mas uma pessoa que pondera a possibilidade de pôr termo à sua vida, é porque tem à sua frente um problema sério seja ele de que ordem fôr. É porque já procurou todas as soluções e não encontrou uma que seja válida, que a tire do abismo em que se sente. Foda-se é horrível uma pessoa sentir-se vazia, sozinha,com um problema à frente e não ter respostas para ele.Não me venham cá com merdas de que há uma solução para tudo. Uma pessoa que pondera suícidar-se é porque está no fundo do poço,chegou a um abismo e não consegue de forma nenhuma sair dele. Pode ser problema psicológico. Pode ser doença. Pode ser o que fôr mas que se dane. São pessoas que têm coragem.

A vida é injusta. Eu sei que é. Se fosse justa não passávamos por tanta merda, não sofríamos tanto sem fazer mal a ninguém. É injusto perder uma pessoa que amamos. É injusto ver uma pessoa partir de um momento para o outro sem estar doente, sem fazer mal a ninguém. É injusto uma pessoa querer viver e não poder. É injusto haver outras pessoas que têm tudo para serem felizes e acabam com a sua vida. Mas para mim tanto é uma pessoa de coragem áquela que se agarra á vida com todas as suas forças como aquela que consegue atirar-se no desconhecido do suícido.

A Robert Enke.

Aos que amo e já não tenho.Aos que amo e ainda tenho. Obrigado por terem algum dia existido na minha vida, por fazerem de mim a pessoa que sou.

Ao que amo e já não me ama. O amor também é injusto.

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