sábado, abril 17, 2010

De regresso a "casa" num encontro de culturas


Ontem foi noite de voltar ao IPB. Celebra-se a primeira edição do Encontro de Culturas por estes dias e ontem a noite era da Carminho.
O IPB foi a minha "casa" durante quatro anos, aquele auditório não esconde segredos tal a quantidade de horas que lá passei em colóquios, palestras, espectáculos... e aquele palco também foi pisado por mim. Por isso voltar áquele edifício, áquela instituição é como voltar a casa. Poderia ser um regresso desagradável e sem brilho se, ao chegar lá não conseguisse sentir-me á vontade. É certo que a grande maioria das caras com quem me cruzei não me disseram absolutamente nada. A grande maioria da plateia éra-me completamente desconhecida. Mas sente-se que aquela é a nossa casa (entenda-se por nossa, de antigos IPB's) quando há funcionários e professores que se recordam de nós e, apesar dos milhares de alunos que já ali se formaram, ainda nos cumprimentam com um enorme sorriso e sabem o nosso nome próprio. Fazem de facto sentir-nos em casa. Fazem-nos ter vontade de regressar mais e mais vezes, acompanhar mais de perto a realidade daquela família que escolhemos ao acaso mas que mantemos ainda que há distância. Sentimo-nos em casa ao reencontrar outros ex-alunos que partilham da mesma agradável sensação de conforto.
Mas, adiante...
Fui ao concerto com a P. que é fanática por fado e é uma companhia fantástica. Uma super amiga mesmo. Confesso que tinha muita curiosidade em ver a Carminho actuar ao vivo. Só a tinha visto cantar na televisão e, quer queiramos quer não, a diferença entre ver televisão e ter estofo para um espectáculo ao vivo é muita. E conheci o trabalho da Carminho mesmo por um mero acaso. Num zapping apanhei uma entrevista dela em que relatava a sua experiência de voluntariado internacional. Como o assunto me interessa bastante, resolvi ver a entrevista até ao fim e descobrir quem era aquela miúda que aos 21/22 anos resolveu viajar assim ao acaso. Foi assim que acabei por ouvir pela primeira vez a Carminho cantar. E gostei. Gostei bastante. Primeiro cativou-me pela sua franqueza, pela sua experiência. Depois conquistou-me pela voz, pelo sentimento com que canta. Fui ver como se aguentaria num espectáculo ao vivo. Desde cedo que canta e está habituada aos fados e a casas de fado mas, não nos podemos esquecer que é uma jovem mulher que está agora a tornar-se conhecida do grande público. Mas é uma fadista a sério. Foi um concerto absolutamente delicioso, pejado de qualidade (dela e dos músicos que a acompanharam magistralmente). Adorei a irreverência do seu gesto de cantar fado sem xaile (não sei porque raio se há-de cantar fado carregada com um xaile). Cantou com o mesmo sentimento que as fadistas que usam o dito cujo. Foi sincera ao cantar. Ela sentia o que cantava e fez a plateia sentir também. Gostei. Gostei muito e aconselho a todos/as.
E o público do auditório do IPB fez aquilo que melhor sabe fazer... retribuir e agradecer pelo bom espectáculo. Foi bom (re)ver aquele auditório cheio.
Foi um regresso a casa com sabor a pouco mas estremamente agradável e prazeroso.

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