quarta-feira, julho 14, 2010

Máscaras de vida? Ou uma vida mascarada?

(Google images)


Em casa e com os amigos. Uma forma de estar. Uma máscara. No trabalho. Outra postura. Outra máscara. Connosco próprios. Sem máscara? Talvez. Diferentes cenários, diferentes papéis sociais impõem-nos diferentes posturas perante o meio que nos envolve e engloba. É assim com todas as pessoas, é normal que assim seja. Estranho seria se assim não fosse. No entanto, com tantos papéis sociais a desempenhar, com tantas atitudes (umas que tomamos de livre vontade, outras porque as esperam de nós) a essência de cada pessoa é a mesma. É a nossa personalidade. Vincada ou não, é o nosso traço característico, a singularidade que nos diferencia uns dos outros. É a nossa impressão digital sem tinta, o nosso BI sem fotografia.
A impulsividade e a frontalidade, o sorriso fácil e o bom-humor, são em conjunto com a sensibilidade, fidelidade e a preserverança traços inerentes à minha personalidade. Independentemente do meio e das condicionantes que me envolvem, das pessoas que me rodeiam e do papel social que estiver a desempenhar, estas são características minhas, de tal maneira vincadas que não haverá máscara alguma na vida que as disfarçem. Até porque não faz o meu género, não é de mim usar máscaras para disfarçar quem sou, o que sinto. Felizmente (ou talvez não), o meu rosto é o reflexo do que estou a sentir em cada momento, da pessoa que sou. Não consigo inventar um papel, meter uma máscara e representar uma vida. Não conseguiria por muito que quizesse. Iria sempre soar a falso, seria uma representação demasiado fraca e pouco credível. Facilmente iriam notar que estava a tentar ser uma pessoa que não sou. E por ser assim custa-me a acreditar que haja pessoas que o consigam fazer. Especialmente se pensar em pessoas que julgo(julguei) conhecer.
Falaram-me de ti. Numa conversa banal, do quotidiano em que falavamos de relacionamentos, acabaste por vir parar à conversa. Não comento a relação que tivémos. Abstenho-me de fazer comentários sobre ti. Primeiro pertences ao meu passado e não ao presente e depois porque não irei entrar em jogos do diz-que-disse sobre ti. Limito-me a ouvir o que disseram sobre ti e por momentos parece-me que estão a falar de uma outra pessoa. Não te reconheço no que me dizem. Ao que parece há quem se arrependa da decisão que tomou ao tirar-te da minha vida. Parece que és encarado como um erro na vida de alguém. Alguém esse que agora tem medo de assumir as consequências dos actos que teve. E o que ouvi sobre ti deixou-me triste. Deixou-me triste perceber, que a serem verdade aquelas afirmações, durante dois anos dividi o meu dia-a-dia com uma pessoa que nunca conheci. É triste mas é a dura realidade.
Regra geral, as minhas primeiras impressões sobre as pessoas que conheço estão certas.(Até a primeira impressão que tive sobre a tua nova relação parece estar certa.) Costuma dizer-se que as primeiras impressões podem ser enganadoras mas comigo não tem sido assim. Até te cruzares comigo. Ou, talvez, até te teres afastado de mim. As minhas primeiras impressões sobre ti eram boas, mais do que boas em algumas coisas. Com o tempo que passamos juntos, com tudo o que vivemos e todas as adversidades que ultrapassamos julguei conhecer-te. Julguei que as minhas impressões se confirmavam e tu eras realmente uma pessoa boa. Uma pessoa mais do que boa. Com os seus defeitos mas uma pessoa mais do que boa. E talvez... talvez não. Talvez tenha conhecido uma personagem que escolheste encarnar durante dois anos perante uma infinidade de pessoas. Porque não fui só eu a julgar-te uma boa pessoa. Não fui só eu a julgar-te sincero e verdadeiro, justo e ponderado. A nossa N., que disseste ter como uma segunda mãe, julgava-te assim. Tantas vezes que a N. o disse. Tantas e tantas vezes que ela me dirigiu um sorriso e as palavras de que a sua gatinha tinha um homem bom a seu lado. Além de me deixar triste constatar que assim não foi, ainda me magoa mais saber que até para a N. tu poderás ter fabricado uma máscara. Logo para a N. que te recebeu na vida dela com o maior dos carinhos e amizade. A N. que estava feliz por nós como se dos filhos dela se tratasse.
Prefiro acreditar que tudo o que me dizem agora sobre ti é mentira. Prefiro acreditar que se a pessoa que escolhestes para ter a teu lado te considera um erro é por ela e não por ti. (Disse-te no primeiro instante que essa relação não seria para a vida. Mas sempre julguei que terminaria pela leviandade da vida da tua companheira e não pelos factos que te imputam). Não consigo conceber que é verdade que te tornaste num homem frio e sem escrúpulos. Não consigo acreditar que és um homem que proibe, ameaça e bate. Não consigo acreditar porque nunca foste assim comigo. Por muito que me tentem, a falar de ti... eu só poderei dizer coisas boas. A única coisa má que me mostraste foi a traição. Mas de resto... nunca te conheci assim. Ou eu conheci uma máscara tua ou então agora sim, estás a usar uma máscara. Não me faz sentido conjugar o teu nome com as palavras agressão, pressão ou violência doméstica. Porque apesar de pertenceres ao meu passado, fazes parte de um período da minha vida e eu não quero acreditar que te tenhas tornado na pessoa que dizem. Mesmo que eu tenha conhecido uma faceta tua bastante diferente (a tal da máscara de boa pessoa), não me parece possível teres-te tornado em tal pessoa. Será que a tua máscara caiu e estão finalmente, a ver o teu verdadeiro eu? Ou estás agora a usar uma máscara?

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