Assim... Sim!

Não tinha muita vontade de sorrir mas era impossível resistir-lhe. Doce como só ela sabe ser, traquinas e muito perspicaz.

Sabe perfeitamente como conseguir o que quer. Começa a conhecer-nos muito bem a Princesinha.

Depois de muitas traquinices, muita corrida no seu mundo imaginário em que nada a assusta, sobe-me ao colo e sussurra ao meu ouvido "Lu quéi pão."

Lá veio a sua meia torrada e o mini galão de chocolate. Sim, porque tu já és uma bebé crescida e já comes sozinha meia torrada!

Foi uma luta comer aquela torrada não foi princesa? Mas ver-te enterrar os dedinhos pequeninos na torrada era...delicioso. E beber o teu mini galão de chocolate? Fantástico. Como és uma bebé crescida já bebes por palhinha, nada de biberão claro. Nem sabes como me dá prazer ver as tuas caretas enquanto comes. Primeiro os dedos a furar a torrada e depois, cheios de manteiga a passear nas calças porque desta forma o lanche se torna mais divertido.

Acabado o lanche é hora de voltar ao teu mundo de faz-de-conta. Mas entre o ir e vir da tua corrida, entre uma careta e uma beijoca reparas nos meus olhos e revelas a tua perspicácia de um ano e meio. Chegas à beirinha do teu herói e dizes-lhes "Lena, dói-dói."

Não Lu, eu não tinha dói-dói.

Ninguém tinha reparado mas tu conseguiste ver além do sorriso que eu te devolvia. Como o papá não te respondeu resolveste insistir. De dedinho espetado na minha direcção e muito convicta do que vias "Papá, dói-dói."

Não conseguias explicar-te não era? Como não vias grande futuro no diálogo que tentavas travar com o papá, desistes.

Corres na minha direcção e enches-me de o coração com um abraço do tamanho que os teus braços te permitem. Não satisfeita dás-me um beijo cheio de chocolate e ofereces-me o teu último doce "Quéis?".

Não resisto e sorrio.Esqueço o dói-dói e brinco no teu mundo de fantasia.

(Já agora....não Lu. A prima não tem dói-dói.)